segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Partes

Parte da vida se tornou existência
A outra parte desistiu
Parte se foi pelo ralo
Parte transbordou rios
Parte ainda sorri
Parte permanece a chorar

E a partir de cada partida
Me reparto, me transformo em pequenas partes
que por onde passo deixo
E a cada instante vejo parte do fim
Mas apenas parte, é novo começo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Continuo

Continuo menino
Criança, correndo, brincando
Continuo menino
Acreditando, lutando, perdendo e ganhando

Continuo menino
Levando a vida com alegria
Continuo menino
Com as esperança as vezes até em demasia

Continuo menino
Nos momentos bons e na dor
Continuo menino
Na desilusão e no amor

Continuo menino
Na convicção no que desejo
Continuo menino
Seguindo tudo o que almejo

Continuo menino
Que cai e se levanta
Continuo menino
Acreditando na mudança

Continuo menino
Em ser sem se importar
Continuo menino
Vendo a caneta o papel novamente encontrar

Continuo menino
Mesmo com as responsabilidades
Continuo menino
Sempre buscando novas habilidades

Continuo menino
No respeito aos ancestrais
Continuo menino
Agradecendo aos que fizeram meus sonhos reais

Continuo menino
De minha mãe eterna criança
Continuo menino
Que já mais perde a esperança

Continuo menino
Levando os que amo no peito
Continuo menino
Que num simples gesto torna o ser humano menos imperfeito

Continuo menino
Que incansável não desiste de lutar
Continuo menino
Para sem rodeios aqui terminar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Palavras X (Re)Ação

Bandeiras, comícios, apertos de mão, palmas
É festa dos fanfarrões engravatados!
A indignação e a esperança são guardados a sete chaves
Do sofá, se vê a miséria, a injustiça com a coca cola e um big mac na mão
Os olhos, estão grudados na TV
Parece difícil olhar para o umbigo, e ver que temos que nos salvar de nós mesmos
De nossa ganância, do egoismo, do desejo por destruição.
E nesse teatro, o pobre cumpre o papel de delinquente!
Que jogado de lado, se agarra a qualquer discurso.
As mágoas, se perdem entre o aperto de mão, a promessa, o trago no cigarro e a cachaça.
Transforma a auto estima em estagnação.
Tira do passo a frente, a nova visão.
E como cavalos seguimos com a burguesia montada
Mas ainda com a visão tapada.
Para que na velha história do "peidei mas não fui eu", todos continuem tirando o seu da reta, esquecendo que fazem parte de tudo o que os afeta, para que sigam atirando pedras, mas sem deixar o assento do sofá esfriar.

Pois parece que mesmo em meio a todo o caos diário, muitos ainda acham mais fácil empurrar com a barriga e deixar o abacaxi para os netos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Paradoxo

A notoriedade é baixa
A informação é distorcida
O riso é da própria desgraça
E em meio a estereótipos formados por pessoas que não conheço, mas sei com que intuito assim fizeram, sigo observando as controvérsias e os paradoxos dos transeuntes que se esquecem de si, justamente querendo se fazer notar.
Abdicando dos direitos em busca do status embutido em supostos deveres e situações que o exaltem utopicamente.
O desejo de mudança é o que acaba se tornando a utopia.
Falcatruas, comodismo e a admiração ao “jeitinho brasileiro”, destroem a esperança, deixando tudo estático, apático gerando auto sabotagem, o auto flagelo pela sobrevivência.
E denegrindo a própria imagem se vendem para o gringo que paga para a mulher rebolar, para o empresário que os vêem como máquina e para a mídia que a todo momento invade vidas e lares com mentiras.
Para a população sobra o descaso e o contentamento da sobrevivência, em subempregos subvidas, submundos, sendo subjugados.
O egoísmo foi implantado e se prolifera como praga, tirando do ser, o lado humano. E a bomba passada de mão em mão está cada vez mais próxima de explodir.
Esses são apenas alguns furtos de uma modernização, uma suposta evolução que aliena, inferioriza e insere a derrota em doses homeopáticas.
Excluindo, e tornando o povo refém de uma desigualdade que deve ser mantida em silêncio, que deve ser acatada inconscientemente e que em hipótese alguma pode ser questionada.
Porém, aos bastidores do mundo moderno poucos tem acesso. E neste mundo complexo de adultos que brincam com o rumo de inúmeras vidas, ainda sigo indignado, carregando a tristeza de ver por todos os lados pessoas desorientadas, que querem falar e não ouvir, querem olhar, mas de verdade quase não vêem. Pois até esse direito lhes foi tirado, foi modificado por uma falsa sensação de bem estar.
Mas os muros, grades, limitações e imposições visíveis e invisíveis não surgiram sozinhos e sozinhos não findarão. E só quando enxergamos atrás das câmeras, das grades, das histórias contadas, questionarmos as absolutas verdades e deixarmos aflorar a cólera, é que nos curaremos da a chaga causada pelo conformismo, para que ele não nos contamine, não prolifere e não dê a todos nós um trágico fim.

sábado, 9 de outubro de 2010

A Troca

A troca foi feita
Trocaram respeito por medo
Felicidade por dinheiro
O que se gosta, pelo que não queria
Trocaram amor, pela putaria
Parece piada
Mas humor é proibido
Consumo e falta de informação é o que há
Tudo já no pacote incluido
Trocaram a ordem pelo progresso
O progresso pela ganância
Trocaram o que somos, pelo que temos
Os direitos, pela passividade e eterna tolerância
Trocaram o conhecimento por alienação
Igualdade por exclusão dos direitos
Trocaram a verdade por belas mentiras
Para formar supostos cidadãos perfeitos
Trocaram a vida pela sobrevivência
Necessidade por futilidade
Trocaram ideais pela influência
O mal pela falsa bondade
Mas em meio ao jogo de interesses que bombardeiam as mentes
Me levanto, devidamente armado
Troco a desesperança pela informação
A pressa pela paciência
Das palavras faço escudo
Do amor minha resistência
Troco a falsa visão do mundo
Amplio os horizontes
e vejo outra realidade
Troco o discurso pela ação
E nesse jogo da privação
Encontro no papel e caneta a liberdade.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Liberdade

Ja tive vontade de gritar
Mas não pude
Ja tive vontade de chorar
Mas no rosto não haviam lagrimas
Vi a injustiça, e nada pude fazer
E o silêncio, trazia a angustia
Até que a caneta encontrou o papel
e tudo isso se transformou em versos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A árvore

A árvore perdeu folhas, galhos e até seus frutos
Mas permanceu de pé
E voltou a florescer.

A árvore foi abandonada, esquecida
Mas permaneceu de pé
E continuou a crescer

A árvore foi podada
Mas permaneceu de pé
E renasceu, mesmo carregando cicatrizes

A árvore enfrentou tempestades,infinitas adversidades
mas ainda assim permanecerá de pé
Até que se atinja seu alicerce
Até que se atinja suas raizes.

domingo, 2 de maio de 2010

Imprevisível

O acorde hoje não vibrou
O que se via, era apenas um singelo e tímido solo
Triste...
O sol hoje não brilhou
O dia cinza, apático
Era o que havia
Do cantor não se ouviu a voz
O poeta não se inspirou
O palhaço não proporcionou risos
O choro hoje não é de alegria
A face não expressa felicidade
O mágico, perdeu sua magia
Mas o tempo, imponente, não para
E trará de volta a calmaria
O novo há de vir, fazendo cessar a tempestade
Transformando o obscuro em luz
Angústia em serenidade.
Um pequenino em uma imensa roda a girar
Um pequeno barco navegando pelo mar indefinível
Estrela no infinito céu ainda a brilhar
O início,o fim
O Imprevisível.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Desabafo

Tudo bem, até existe algo em comum;
A vida até que é parecida,
Mas num to aqui pra defendê os comunista,
Menos ainda os capitalista,
Posso até tê umas idéia socialista,
Mas to cansado de discurso, sabe moço?
Ouvi falá até de revolução,
Mas o povo num tem feito nada;
Ai é querê colhe fruto de árvore que num foi plantada.

Já do outro lado a coisa tá difícil, mas tem muita gente que ainda dá risada,
Mas moço, como se ri da própria desgraça?
Isso também num tá certo não!

Eu to no meio de tudo isso, sabe moço?
Tentando fazê minha parte;
Talvez um dia alguém entenda minha arte e meu modo de vivê,
Mas sabe de uma coisa moço?
To preferindo ficá quietinho,
Observando tudinho,
Pra que possa ao invés de falá, fazê,
Pra ao invés de criticá, consegui somá,
Pra num vivê de discurso e me contradizê.

terça-feira, 16 de março de 2010

Ta Valendo

Ta valendo
A correria do dia-a-dia
A loucura
A paciência

Ta valendo
As noites sem dormir
As bebedeiras
A persistência

Ta valendo
A companhia
As pessoas verdadeiras
E até mesmo a opinião contrária

Ta valendo
O sentimento sincero
Os olhares
O amor
A conquista diária

Ta valendo
A falta de clichês
De hipocrisia
Falar o que quiser, quando quiser

Ta valendo
Os momentos de alegria
A musica e a boemia
Fazer tudo o que puder

Ta valendo
caminhar junto
As madrugadas
Até mesmo a saudade

Ta valendo
As conversas
Até as situações adversas
Ta valendo dizer a verdade

Ta valendo
Todos os versos
As noites em claro
E nas despedias a dor no peito

Ta valendo
O reencontro
A inspiração
O abraço que faz tudo parecer perfeito

Ta valendo
A compreensão
A falta do que dizer
O conselho dado

Ta valendo a lembrança
O olhar de criança
Sonhar acordado

Ta valendo
Cada momento
A calmaria
A tempestade

Ta valendo
A noite
A manha
A novidade

Ta valendo
O respeito
O desejo
As risadas

Ta valendo, valeu e sempre valerá
Tudo que até aqui se viveu
E que o tempo não poderá apagar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Um Longo Instante

Naquele instante o tempo parou
E eu, observava com minúcia teu mais singelo gesto
Nada mais parecia existir!
Nada mais parecia importar!
Nada apaga a lembrança de teu sorriso
Nem o gosto do teu beijo
Nem me faria ter de volta o juizo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O mais distante

Sou fraco, sou forte
Sou ingenuo, sou malandro
Hora homem responsável
Hora criança brincando

Sou calmo, sou bruto
Sou consciente, sou inconsequente
Hora cabeça feita
Hora sem entender minha mente

Sou tudo, sou nada
e nem sempre determino para onde vou!
Hora por becos estreitos
Hora por largas estradas.

Sou a manha, sou o anoitecer
Sou extremos em mim
Hora a loucura
Hora esbanjando ternura

Sou extremos caminhando juntos, sou a contradição
Sou a revolta, sou a paciência
Hora o silêncio
Hora a persistência

Sou simples, sou complexo
Sou cara, sou coroa
Hora liberdade
Hora pássaro que não voa

Sou poeta, sou mero leitor
Sou intensidade, sou o que faz sentindo para mim
Hora começo, hora meio
Hora fim.